Escolas públicas apostam na tecnologia dentro das salas de aula
Conheça escolas brasileiras que trouxeram métodos modernos e aparelhos tecnológicos para dentro das salas de aula.
Imagine alunos
de séries diferentes misturados todos no mesmo ambiente, estudando em
computadores e celulares de última geração. Em vez de provas, jogos de
computador - e quem acerta passa de fase. Essas inovações já estão acontecendo
em escolas públicas e particulares no brasil.
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Quem tem mais
de 30 anos, quando estava na escola a aula era na frente. Um muro dividia o
mundo, Plutão ainda era um planeta e suas pesquisas eram feitas só nos livros.
Mas quem é mais novo e está agora na escola já se acostumou a encontrar
informação em um clique. A escola mudou. Qual vai ser o papel da tecnologia na
sala de aula do futuro?
A escola
municipal da comunidade da Rocinha, no Rio de Janeiro, foi
feita uma grande reforma nas férias de verão. As paredes caíram, agora é tudo
um espaço só. E os móveis novos seguem o projeto pedagógico iniciado este ano.
“Os móveis têm
múltiplos usos. A cadeira pode virar uma coluna, uma estante. O banco vira
material de exposição. O banco vira uma estante, a estante vira banco. O
projeto do ambiente da escola serve justamente a esse propósito de autonomia,
construção, desconstrução, pensar, repensar”, diz o designer Jair Souza.
No primeiro
dia de aula os outros alunos do sétimo ano foram misturados com estudantes do
oitavo e do nono ano. Do total de 180 alunos, formaram-se grupos de seis, para
trabalhar em mesas redondas. Não há professor na frente da sala, não há um
ponto para onde todos têm que olhar ao mesmo tempo. É onde a tecnologia entra
no projeto da Rocinha: cada aluno vai usar um computador.
“A
espinha dorsal desse tipo de trabalho aqui é tentar formar dentro do aluno o
interesse em aprender. De dentro para fora. E assim ele vai buscar, na internet
ou com as tecnologias, e a gente vai ajudar”, disse o professor de matemática
Sérgio Luís de Matos.
Os
professores passam a ser orientadores nessa busca de informações. E toda
semana, os grupos de alunos vão mudar, de acordo com habilidades e necessidades
detectadas em testes feitos nos computadores.
“Existem
outras escolas inovadoras, não só no Brasil, mas em outros países do mundo
também. A grande maioria delas aposta na ajuda das novas tecnologias pra
auxiliar o aumento da qualidade da aprendizagem. A tecnologia é uma ferramenta,
um facilitador”, explica o subsecretário de Novas Tecnologias Educacionais do
Rio de Janeiro, Rafael Parente, sobre o porquê de a tecnologia exercer um papel
tão fundamental.
Uma das
escolas usadas como referência fica em Nova York. É chamada de School of One,
ao pé da letra "escola do um". Nas aulas de matemática, os alunos
chegam e vêem no mural o que vão fazer naquele dia. A tarefa é determinada pelo
resultado de cada um nas atividades do dia anterior.
A diretora
explica que, assim, os professores podem focar no ritmo de aprendizagem de cada
aluno e não precisam esperar as provas pra descobrir as dificuldades deles.
O
método é usado há três anos, e esses alunos começaram a se sair muito melhor
nos testes estaduais de matemática.
Respeitar
o tempo de cada um é a principal ideia de outro americano. Salman Khan estudou
em Harvard, e foi tão bom aluno que teve o diploma entregue pelo então
presidente Bill Clinton. Um dia, a sobrinha de Salman teve dificuldades em
matemática. Ele morava longe e começou a explicar pela internet. Outros
parentes pediram ajuda; Khan começou a postar as explicações. Hoje, esses
vídeos têm mais de seis milhões de acessos por mês.
Salman
Khan, que veio a São Paulo em fevereiro, diz que é coisa do passado ter 30
carteiras olhando para um quadro-negro, que os alunos não precisam andar
juntos, compassados. “Não é preciso separar os alunos por idade, os mais velhos
podem ajudar os mais novos”, diz. Ele fundou a Khan Academy e espalhou pelo
mundo todas as videoaulas de matemática e de outras oito matérias.
A
tradução para o português foi feita pela Fundação Lemann. E os vídeos chegaram
a uma escola pública do bairro Capão Redondo, em São Paulo. É lá que Ana Beatriz de Souza estuda. Uma vez
por semana, o aluno tem uma aula diferente.
Os alunos se organizam de acordo com os resultados
conseguidos na semana anterior. Cada um deles pega o seu computador e começa a
jogar. “Então a gente vai conseguindo passar de níveis. Eu já estou na Subtração
II. Estou conseguindo e estou melhorando na matemática”, diz Beatriz. A regra
do jogo é esta: a cada exercício que a Beatriz acerta, ela ganha um planeta do
sistema solar. Quem dá asas à imaginação consegue transformar a aula numa
grande aventura. “Se acertar tudo, vai chegar lá no sol”, conta a menina. Se a
Beatriz acha difícil uma questão, e a viagem espacial é interrompida, ela busca
na tela um dos vídeos do Salman Khan.
No fim,
os professores recebem um relatório gerado pelo computador. Ficam sabendo na
mesma hora quem precisa de ajuda, quem evoluiu e como a turma deve ser
organizada na semana seguinte.
Em uma
escola particular, também em São Paulo, cada um dos alunos têm, cada um, um
tablet. Mas todos acompanham juntos as projeções feitas pelos professores. É
como se as velhas apostilas ganhassem a uma versão virtual.
“O que
nós fazíamos em 50 minutos, agora a gente consegue fazer em 10, 15. O professor
ganha tempo, condição de melhorar as aulas e o aluno ganha muito mais conteúdo,
conhecimento e prazer. A gente vê que eles fazem com prazer”, conta a
professora Sandra Petracco.
“Nós ainda estamos numa fase de usar a tecnologia para fazer
as coisas velhas. Ou seja, fazer melhores provas, fazer o aluno prestar mais
atenção, fazer o professor dar melhores aulas. O que a tecnologia serve é para
aula, para escola, ser diferente”, analisa Sobreiro, doutor em educação pela UERJ.
A maior
iniciativa do governo federal ainda aponta para a primeira etapa desse processo
todo: a inclusão digital dos professores da rede pública. No ano passado, o
Ministério da Educação repassou R$ 180 milhões aos estados para a compra de 600
mil tablets, que vão ser entregues a esses profissionais. Agora, aos poucos, os
estados estão vendo o que fazer com a verba.
Em
Minas Gerais, a Secretaria de Educação comprou 62 mil tablets, que vão ser
distribuídos para todos os professores do ensino médio da rede pública. O
primeiro grupo está sendo capacitado para o uso da nova tecnologia. O primeiro
aplicativo instalado no tablet serve para ensinar os professores a usar a
tecnologia touch screen. “Com a entrada da tecnologia, seja reinventando o
tablet e outras coisas que vão para a sala de aula, a educação passa a ter um
pouquinho mais de sentido para o aluno”, diz o professor Davi Barroso.
Experiências
como a da Rocinha são mais caras: a escola custou R$ 3,5 milhões. Para
conseguir esse dinheiro todo, a prefeitura fez parceria com 17 empresas.
“É uma
falha pensar que existe uma privatização da educação quando isso sempre
existiu. Eu acho que a cautela principal é: o que os alunos aprendem não pode
ser influenciado pelas empresas. Elas podem até questionar, mas elas não podem
decidir”, conta o subsecretário Rafael Parente.
E tudo
ainda são apostas. .
“São
poucas experiências, mesmo em nível mundial, que tenham realmente uma mudança
de paradigma da educação instalada nas suas escolas, que você possa medir o
impacto da tecnologia”, avalia a doutora em psicologia da educação da PUC de
São Paulo Maria Alice Setúbal.
“A
importância da introdução da informática na escola não é para melhorar o
rendimento escolar, é porque a informática faz parte do mundo. Então, se você
não dá habilidades de começar a controlar essa máquina, você está retirando uma
possibilidade de cidadania dela. A questão é como é que nós vamos melhorar a
sociedade sem que, na escola, a gente ensine as crianças a dominar esse
equipamento”, conclui Sobreiro.
5 comentários:
Esta reportagem mostra como as escolas querem se renovar mais e mais. E tirar aquela aula parada em sala de aula, pq sabem que os alunos não tem mais paciência para ficar sentado e ouvindo só o professor falar... Com a tecnologia dentro das salas de aula os aulos começam a ver diferenças e se interessarem.
A didática em sala de aula devera ter suas inovações...
Reportagem muito interessante, mostra o quanto é importante utilizar bem a tecnologia a nosso fazer.
Também nos mostra a facilidade de os alunos aprenderem diretamente pelo computador, e os resultados são quase que imediatos.
Na minha opinião a tecnologia dentro da escola hoje se tornou essencial, já que o professor consegue criar uma aula diferente, onde ele apresenta o conteúdo de uma forma interativa e prática. Dessa forma o aluno sente mais prazer em estar dentro de uma sala de aula.
Eu acho que esta reportagem aborda como a tecnologia esta cada vez mais presente no nosso dia dia. E como os professorespodem levar a tecnologia para dentro das salas de aulas, com isso os alunos também podem mostrar mais interesse pelas aulas.
A tecnologia é muito importante, nessa hora pois o professor pode criar uma aula bem diferente e bem mais dinâmicas.
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